Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

A falta de fraldas descartáveis disponibilizadas pela Secretaria de Saúde de Pelotas (SMS) é motivo de transtornos para famílias de pacientes. Idosos, acamados e pessoas com deficiência são parte dos usuários atendidos pelo serviço do Município, principalmente aqueles de baixa renda. No entanto, segundo relatos, desde novembro o item nos tamanhos para adultos está em falta.

A angústia e as dificuldades causadas pela suspensão do fornecimento das fraldas nos últimos meses é motivo de conversas em um grupo de familiares criado no WhatsApp para a troca de informações sobre a retirada do item. Em sua maioria, as integrantes são mães que passam por dificuldades financeiras. Com a falta das fraldas, a opção é recorrer a doações ou a improvisação com panos.

Cátia Bartz é uma dessas pessoas que relata os problemas enfrentados desde outubro, última vez que conseguiu retirar o pacote de fraldas na SMS. Mãe do Leonei, 28 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, a dona de casa depende do Município para ter acesso ao item desde que o filho tem 15 anos. Mensalmente, ela era atendida com um pacote com 150 unidades do tamanho XG adulto. Há três meses sem o fornecimento, ela tem contado com ajuda de conhecidos e a utilização de pedaços de panos. "Não tem noção da dificuldade que estamos passando", lamenta.

Outra reclamação de Cátia é em relação a comunicação com a secretaria. Ela alega que liga diversas vezes, mas não é atendida. A alternativa, então, é usar o transporte público para, depois de duas horas, constatar que não há fraldas disponíveis.

A situação agravada pelas dificuldades da distância é a realidade enfrentada por Lenir Knuth. Residente de Cerrito Alegre, 3º Distrito, ela conseguiu as fraldas para a filha de 26 anos pela última vez em novembro. Mãe solo de dois filhos, Lenir precisa encontrar meios de deixá-los seguros em casa para vir até o centro retirar os pacotes. "É bem difícil o acesso de quem mora para fora. É muito angustiante", afirma.

A decisão entre itens essenciais
A maioria dos familiares que recorrem ao Município não têm outra alternativa devido às dificuldades financeiras. Os pacientes ainda necessitam de inúmeros cuidados, envolvendo medicamentos, consultas médicas e tratamentos. Nesse quadro, a quantidade de vezes que os responsáveis precisam escolher entre fornecer uma atenção ou outra é recorrente. Esse é o caso da dona de casa Miriam Castro. Assim como as demais mães, ela tem uma filha com paralisia cerebral. Esther, de 18 anos, usa fraldas G adulta, que não são disponibilizadas desde setembro.

Miriam relata que desde então a situação é muito complicada. Sobrevivendo com um salário mínimo, ela diz que se comprar fraldas falta dinheiro para outras coisas essenciais, como alimentação. Com isso, a menina tem usado lençóis e camisetas na substituição do item básico de higiene. "Não tem opção ou compra fralda, alimentos ou paga a conta de luz. Alguma coisa tem que deixar de lado", conta Miriam.

A dona de casa pede ainda mais atenção do poder público perante a situação enfrentada por inúmeras pessoas no Município. "A gente precisa de ajuda, nós somos mais de cem mães".

Conforme dados da SMS, ao todo, 2.554 usuários são atendidos pelos serviços de distribuição de fraldas do Município, sendo 2.466 referente ao público adulto e 88 referente ao infantil.

No legislativo
O quadro já foi pautado na Câmara de Vereadores. Após receber as mesmas reclamações, o vereador Carlos Júnior (PSD) protocolou um pedido de informações à Prefeitura questionando o motivo da falta de assistência.

O que diz o Executivo
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o Município já realizou a compra de uma nova remessa de fraldas para atender a demanda da população. Porém, o fornecedor responsável pela entrega dos produtos informa que a previsão de chegada do material adquirido está prevista apenas para a semana do dia 13 de fevereiro.

A SMS reforça ainda que durante o mês de dezembro realizou a entrega do quantitativo de fraldas existentes no estoque.